Mourão transforma Praia Grande em polo de investimentos
Na década de 90, a cidade de Praia Grande (SP) era considerada o pior lugar da Baixada Santista para alguém visitar. O município até conseguia ser manchete de jornais, mas sempre por motivos negativos, como o esgoto que corria a céu aberto em diferentes localidades e o lixo espalhado pelas ruas. Muitos moradores tinham vergonha de falar que residiam ali.
Tanto é que, quando Alberto Mourão assumiu a Prefeitura, em 1993, muitos perguntavam como ele tinha coragem de governar uma cidade que estava em estado de calamidade. A resposta nem sempre era justificada com palavras, mas sempre com atitudes. Mourão não passava a maior parte do tempo olhando para o problema, mas sim para a solução. E para resolver a falta de desenvolvimento econômico do município, ele sabia que só tinha uma alternativa: reativar o turismo.
A realidade da cidade em 1993
Em 1993, Mourão sabia que a falta de segurança, serviço emergencial de saúde, coleta regular de lixo e programações culturais, eram apenas alguns dos problemas a serem enfrentados pela Administração Municipal. Contudo, o então prefeito recém eleito trazia um diferencial em sua atuação como político. Ele não carregava consigo o conformismo diante de determinadas situações: sua mente inquieta e observadora o permitia pensar à frente de muitos outros. Para ele, a revolução da sociedade da informação e do conhecimento, que mudou radicalmente a forma de relacionamento entre pessoas, empresas e governos, impõe novos paradigmas para a gestão governamental.
Enquanto muitos governantes acreditavam que o Porto de Santos era uma solução financeira para a região, Mourão sabia que a economia de cada cidade deveria ter vida própria, pois a reorganização sistemática e racional de produtos estava se tornando um elemento essencial do desenvolvimento econômico. Sendo assim, a inovação e a acumulação de capital, fatores ligados aos empresários, responsáveis por movimentar os elementos estratégicos de uma cidade, por exemplo, dependiam das condições criadas pelo governo.
Quando um município apresenta infraestrutura pouco desenvolvida, os produtos e serviços podem encarecer, e as empresas não conseguem se estabelecer e se desenvolver adequadamente. Com isso, o ciclo econômico da cidade é afetado negativamente, prejudicando todo o seu território. Não havia outro caminho, investir nos serviços de infraestrutura é o que atrairia empresas e capital humano, aumentando a produtividade e proporcionando o crescimento econômico esperado.
O início da revitalização
Todas as estratégias de Alberto Mourão eram pensadas de forma sistêmica, integrando assim diversas áreas. O ponto de partida do então chefe do Executivo era a localização geográfica da cidade. Por estar em um eixo central da Baixada Santista, ele sabia que poderia resgatar o respeito que o município merecia. Entendendo o importante papel que a estabilidade econômica representava para os investidores, começou a colocar seus planos em prática.
Com um planejamento urbano para revitalizar a orla da praia em mãos, mas sem dinheiro, ele sabia bem a atitude que precisava ser tomada. Em uma reunião com diversos empresários, mostrou o quanto o turismo podia mudar a realidade da cidade. Até porque, historicamente, este setor já ajudou países da Europa, como Portugal e Espanha, a enfrentarem crises econômicas.
Além disso, ele demostrou também como diversos municípios construíram suas histórias e conseguiram atrair turistas para suas dependências. Vejam o caso da troca de guardas no Palácio de Buckingham, em Londres: um gesto que é feito diariamente, mas que virou uma atração turística, rendendo milhares de euros para os cofres ingleses. Com essa demonstração, conseguiu apoio de diversos empresários para patrocinar a reurbanização da Orla.
Ele sempre acreditou que o turismo era a principal força para a geração de emprego e renda, possibilitando a retomada da economia, e sempre viu com atenção as chances de trabalho que um imóvel de veraneio, por exemplo, poderia oferecer. Um prédio sempre precisa de porteiro, eletricista, encanador, faxineiro; isso sem contar os empregados que trabalham para a administradora daquele edifício. Em paralelo a isso, tem o fato do turista que vai para uma cidade e frequenta os estabelecimentos locais, como padarias, farmácias, restaurantes, supermercados, pousadas, entre outros, movimentando a economia local.
A construção civil como aliada
Sempre à frente de seu tempo, desde o início de sua gestão, Mourão também enxergava na construção civil uma excelente oportunidade para a geração de empregos. Quanto mais construções de veraneio Praia Grande tivesse, mais oportunidades seriam geradas.
Uma das provas de que o seu raciocínio estava correto é que segundo o jornal Estadão, em 2019, a construção civil representou 6,7 milhões de postos de trabalho no país. Isso era o equivalente a 7,3% de todos os empregos no Brasil na época. Ou seja, de cada 14 pessoas empregadas, uma trabalhava na construção civil. Desde que assumiu a Prefeitura da cidade pela primeira vez, em 1993, o número de imóveis de veraneio aumentou mais de 100% no município.
O tempo mostrou que o então prefeito tinha conhecimento de causa. Apesar de tantos obstáculos, ele estava mais do que capacitado para continuar mudando a realidade da cidade.
“Desistir nunca foi uma palavra que fez parte do meu vocabulário” – Alberto Mourão.
O crescimento continua
Os anos subsequentes foram desafiadores, pois o crescimento demográfico chegou a 6% ao ano. No período de 2005 a 2008, por exemplo, durante o seu segundo mandato como prefeito, esse desenvolvimento acentuou-se, com a realização de novas ações e obras na cidade. Com isso, a imagem de Praia Grande, tanto comercial como turística, foi alterada para melhor, atraindo empresas e construtoras que já procuravam a cidade para investir, criando novos postos de trabalho – o que forma um ciclo positivo e faz o município crescer ainda mais.
Obras importantes foram concluídas e outras iniciadas, como a reurbanização da Orla da Praia e a construção da Via Expressa Sul, onde se localiza o Acesso 291 da SP – 55. Grandes investimentos também foram feitos na área de infraestrutura, com a realização de pavimentação e drenagem de ruas.
Com a conclusão do projeto piloto que havia sido traçado, a admiração pela bela estrutura que se formava na cidade era inevitável e o investimento de outros empresários também: vários deles passaram a procurar a prefeitura para se oferecer como patrocinadores.
Dessa forma, se concluiu a reurbanização dos 22,5 km de orla da praia, renovando a cara do município e a autoestima dos moradores, atraindo turistas e empresas, alavancando a economia, proporcionando a implantação de muitos outros projetos e, consequentemente, o crescimento de Praia Grande como um todo.
Sempre visionário, Mourão foi além das expectativas, conseguindo trazer para o município o segundo maior shopping do Brasil, o Litoral Plaza Shopping. Com mais de 350 lojas, o empreendimento gera cerca de 4 mil empregos. O Atacadista Mackro também faz parte do grupo de empresas que estão instaladas na cidade. Para incentivar os grandes investimentos em Praia Grande, o então chefe do Executivo sancionou uma lei que permitiu a isenção do imposto territorial por um tempo determinado.
De um cenário desafiador para um exemplo a ser seguido
E assim foi-se evoluindo cada vez mais e Praia Grande passou de uma cidade desacreditada para um dos quatro destinos mais visitados do Brasil. Mas antes de toda essa metamorfose, o prefeito teve muitos desafios para lidar: barracas de praia feitas de madeira, mais de 200 córregos que levavam o esgoto em direção ao mar, construções em área de preservação ambiental, estacionamentos irregulares e tantas outras coisas que afastavam os turistas e os investidores do município.
Para chegar à bela paisagem que vemos hoje, foi implantado um projeto de reurbanização que se iniciou a partir da aprovação da Lei Municipal 793, em 11 de Janeiro de 1993, que disciplina a circulação e o estacionamento de ônibus de excursão provindos de outros municípios. A partir daí, se iniciou uma campanha de conscientização para que moradores e turistas contribuíssem com a limpeza das praias.
Outras mudanças que impactaram a cidade foram as obras de captação das águas pluviais, eliminando os córregos nas praias; a pavimentação da orla; a retirada das barracas de madeira, que deram lugar aos quiosques padronizados feitos de alvenaria; o asfaltamento da Avenida Presidente Castelo Branco e a construção de um calçadão com equipamentos de lazer, segurança, escola de esportes, lojas de conveniência e a primeira ciclovia da cidade, que compreende os 22,5 km de extensão das praias.
Tudo isso porque investir nos serviços de infraestrutura atrai empresas e capital humano, aumentando a produtividade e implicando diretamente no crescimento econômico do município. No mesmo período, finalizaram-se também as obras da Via Expressa Sul, totalizando 10 km de estrada e iniciando o novo projeto de revitalização da Avenida Presidente Kennedy, que totaliza 21,5 km de comprimento.
Também foi realizada, parcialmente, a urbanização do Núcleo Caierias, no Bairro Tupiry, onde além da drenagem e pavimentação, a Prefeitura também vem executando a instalação da rede de esgoto. O projeto abrange 50 ruas (14 quilômetros) e já beneficia 10 mil pessoas. No mais, ao todo, foram executados 60,3 km de pavimentação nos últimos anos, beneficiando os bairros Tupiry (Caieiras), Melvi, Samambaia, Ribeirópolis e Nova Mirim, onde residem, no total, cerca de 60 mil pessoas.
No fim, todos os setores da cidade foram beneficiados, graças ao olhar diferenciado de Alberto Mourão, que enxergou no Turismo o caminho para enaltecer Praia Grande, aquecendo a economia local.