Mourão transforma Praia Grande em polo turístico
Quem ouve falar que hoje Praia Grande (SP) é um dos quatro destinos mais visitados do Brasil, nem imagina qual era a imagem da cidade para turistas e moradores durante os anos 90. O município não deixava de conquistar manchetes em jornais de grande circulação, como O Estado de São Paulo, mas não era por um motivo positivo: a foto estampada era de esgoto a céu aberto; o título geralmente alertava a população sobre a falta de balneabilidade das praias. Até porque, no início da década de 90, as praias estavam bem degradadas e sujas. Os únicos turistas que se arriscavam a ir eram aqueles de um dia, que chegavam na cidade e promoviam algazarras, levando transtornos à população.
E este era apenas um dos problemas. Quando assumiu o governo do município pela primeira vez, em 1993, Alberto Mourão encontrava desafios em toda a infraestrutura necessária para atrair turistas. Alguns deles envolviam a falta de saneamento básico, segurança, serviços emergenciais de saúde, locais para hospedagem, transporte, ambientes para lazer, lugares adequados para alimentação e até falta de informação turística – já que com dívidas absurdas deixadas pelos governos anteriores, a Prefeitura não tinha como arcar com serviços de publicidade para fazer a divulgação, por exemplo.
Contudo, todo esse caos não intimidou Mourão. Ciente do diagnóstico catastrófico que tinha em mãos, ele reuniu esforços para transformar a realidade da cidade, suportando assim a pressão política e dos moradores, que muitas vezes tinham vergonha de falar que residiam no município.
Com ímpeto e visão diferenciada, enxergando oportunidade onde a maioria das pessoas não via, o então prefeito tinha consciência de que transformar Praia Grande em uma cidade turística seria seu maior desafio, já que para isso teria que reparar todos os demais setores. Mas ele sabia exatamente onde queria chegar e como chegar lá.
O primeiro calendário anual de eventos
Em 1994, o município passou a contar com o primeiro calendário anual de eventos, que é seguido até hoje pela Secretaria de Cultura e Turismo da cidade, sendo preenchido cada vez mais com eventos culturais, gastronômicos e de lazer. E quem pensa que Mourão teve um pensamento pequeno para construir esse calendário, está muito enganado.
Enquanto quase nenhuma cidade do Brasil realizava shows em praias, o então chefe do Executivo e sua equipe ousaram fazê-lo e convidaram cantores de peso para fazer apresentações no município, como Jair Rodrigues e Roberto Carlos. Ambos aceitaram o convite e o Rei, especificamente, tocaria pela primeira vez de sua carreira em um palco montado na praia.
A partir de então, o município virou referência nesse tipo de espetáculo e várias outras cidades começaram a seguir o mesmo modelo. O sucesso predomina até hoje, tanto que Roberto Carlos fez não só uma apresentação, mas sim duas, já que em 2020, retornou para fazer o show de aniversário de Praia Grande.
Valorização da cultura local
Em paralelo a uma agenda de eventos de peso, Mourão procurava resgatar a autoestima dos moradores, mostrando o quanto era importante valorizar a cultura local. Não se tratava de inventar uma história, mas sim de trazer à tona os acontecimentos. Por vezes, ele observava como outros países conseguiam atrair visitantes o ano inteiro: é o caso de Londres, em que uma simples troca de guarda no Palácio de Buckingham tem o poder de reunir milhares de pessoas para assistir um ato que se tornou rotina naquele local. Isso só foi possível porque os britânicos valorizam a história do país, a ponto de despertar o interesse dos turistas, que acabam deixando milhões de libras para os cofres ingleses.
E foi com esse pensamento que o então prefeito de Praia Grande começou a criar ainda mais condições favoráveis para o turismo, pois ele sabia que cada lugar tinha suas características. Era uma questão de saber aproveitá-las e transformá-las em atrações que pudessem cativar e encantar as pessoas.
Além da eliminação dos esgotos e da urbanização da orla, para tornar a cidade mais atraente para os turistas e para despertar o orgulho dos moradores, a Administração investiu na construção de praças, playgrounds, ciclovias e também substituiu por quiosques as barracas de ambulantes que existiam encostadas nas muretas da praia, formando uma espécie de muro, impedindo que as pessoas conseguissem ter uma visão agradável do ambiente e atrapalhando também aqueles que desejavam praticar alguma atividade física ou ter um espaço para os seus filhos brincarem. Alguns anos depois, outra melhoria: os quiosques foram substituídos por restaurantes, onde as pessoas passaram a ter a oportunidade de melhor se acomodarem e experimentarem as delícias gastronômicas que o litoral pode oferecer.
Fazem parte do roteiro turístico também, daqueles que visitam a cidade, as feiras de artesanato localizadas nos bairros Guilhermina, Ocian, Caiçara, Mirim e Solemar, que dispõem de uma estrutura especialmente projetada para que os artesãos possam expor e vender aquilo que produzem.
Sem contar as belezas da Fortaleza de Itaipu, do Parque da Cidade, da Área de Lazer Ézio Dall’Acqua (conhecida como Portinho), das praças da Paz e Duque de Caxias, do Palácio das Artes e das estátuas de Iemanjá e Netuno. O incentivo ao turismo também se dá pela promoção de eventos durante todo o ano.
Iniciativas que deram resultados e, ao contrário de campanhas que difamavam Praia Grande em anos passados, estimularam o crescimento da cidade. Além de ser considerado um dos destinos mais visitados do País durante o verão, o município recebeu também a melhor classificação no novo Mapa do Turismo Brasileiro.