Reintegração à sociedade é prioridade para Alberto Mourão
Fazer a gestão de uma cidade onde o total de habitantes chegava a crescer 12% ao ano, aumentando consequentemente o número de pessoas que necessitavam de assistência social, poderia não ser uma exclusividade de Alberto Mourão quando ele assumiu a Prefeitura de Praia Grande (SP), em 1993. No entanto, promover a reintegração de cidadãos em situação de vulnerabilidade social, sem gerar submissão ou troca de favores, era uma atitude que poucos estavam dispostos a tomar.
Mourão, que nunca teve medo de novos desafios, tinha consciência de que a batalha seria difícil, mas desde o início de seu governo na cidade, contou com uma forte aliada para ajudar a mudar a realidade dos necessitados: Maria Del Carmen Padin Mourão, a Maruca, primeira-dama e responsável pela Secretaria de Promoção Social do município.
Juntos, eles criaram iniciativas que ofereceram às pessoas um lugar onde pudessem reencontrar seus respectivos caminhos, com condições para aprender novas maneiras de se reposicionar na sociedade e então conquistar direitos, deveres e também oportunidades.
Partindo deste princípio e criando uma maior aproximação com a comunidade, o então prefeito passou a conhecer as histórias de diversas famílias e observou o quanto é importante, por exemplo, transformar a sociedade através de uma melhor convivência familiar – mesmo sabendo o quanto esse processo seria difícil em situações vulneráveis, geradas principalmente por fatores sociais e econômicos.
Fato é que a empatia, a coragem e o perfil inovador de Mourão proporcionaram o crescimento da cidade de forma alinhada às soluções para os problemas coletivos.
“Uma cidade só é boa se for para todos” – Alberto Mourão.
Novas opções de lazer e capacitação profissional renovam esperança da população
Com praticamente a extinção dos clubes na Baixada Santista, que até então eram utilizados para reunir famílias e amigos, a Secretaria de Promoção Social fez com que a cidade ganhasse novos lugares para atividades de lazer e cultura, incentivando a convivência do coletivo. Tais espaços também passaram a contar com cursos que preparassem a população para gerar sua própria renda. Aulas de culinária, artesanato, pintura, crochê, entre outras modalidades, tornaram-se uma esperança para aqueles que já não acreditavam mais na reconquista de sua dignidade.
Desta maneira, os moradores do município começaram a enxergar um cenário nunca visto antes, em que pessoas em situação de extrema pobreza, abandonadas ou isoladas do convívio social, com deficiência ou precisando de medidas socioeducativas, fossem inseridas em uma política de assistência, onde a prática comum era incentivar os cidadãos a serem mais críticos e participantes dentro da sociedade.
Falar que os olhares atentos de Mourão e Maruca fizeram a diferença para que Praia Grande se tornasse referência em cuidado com o idoso não é exagero.
Ao observar que muitas pessoas da melhor idade permaneciam grande parte do tempo sozinhas e isoladas, porque seus filhos precisavam trabalhar e não tinham com quem deixar seus pais, por exemplo, fez com que a Secretaria de Promoção Social, em parceria com o Fundo Social de Solidariedade, criasse uma creche para pessoas com mais de 60 anos.
Na Creche do Idoso, os atendidos chegam de manhã, recebem alimentação, participam de atividades físicas e motoras e retornam para casa no fim da tarde. Praia Grande, aliás, foi a primeira cidade a contar com um programa como esse no Brasil, e foi modelo para um projeto semelhante, que hoje funciona no Governo do Estado. Os idosos participam de caminhadas, ginástica adaptada e jogos de baralho e dominó. Aqueles que gostam de trabalhos manuais podem participar também de atividades como costura, bordado, entre muitas outras.
E as ações voltadas para a melhor idade não pararam por aí. Com o passar dos anos, mesmo com tantas ações destinadas a este público, Mourão, frequentando sempre a comunidade, percebeu a necessidade de dar ainda mais lazer aos idosos, proporcionando momentos em que eles pudessem interagir com pessoas de diferentes bairros para conhecer novas realidades. Então, nasceu o Baila Comigo, um projeto com o intuito de levar muita música, dança e diversão para a terceira idade. Todo final de mês, a ação itinerante está em um bairro diferente.
Novo abrigo solidário abre as portas para pessoas em situação de rua
A inquietação do então chefe do Executivo diante de tanta vulnerabilidade social continuava a crescer, conforme percebia a necessidade de envolver ainda mais a comunidade para alcançar melhores resultados.
Com o intuito de reforçar a estrutura de atendimento e atenção às pessoas em situação de rua, Mourão criou mais um abrigo solidário, desta vez, transitório. A ideia nasceu da percepção do então prefeito, quando foi disfarçado, usando um boné e óculos de sol, acompanhar o trabalho que uma igreja realizava com moradores de rua.
Os fiéis distribuíam sopa e davam cobertores e agasalhos para os necessitados. Em conversa com esses voluntários, após se identificar, explicou que juntos, poder público e comunidade, poderiam colaborar para uma mudança efetiva nas vidas das pessoas que estavam excluídas da sociedade. Até porque, muitas vezes, aqueles que estão em situação de rua não aceitam ajuda do Governo, mas aprovam o apoio de membros da comunidade local.
Aliás, em sua gestão, Mourão sempre deixou claro que despertar o poder de pertencimento de um indivíduo perante a sociedade só é possível quando ele adquire condição de independência, como gerar sua própria renda, através do próprio trabalho, e cuidar da sua família, por exemplo. Dessa forma, é devolvida a sua dignidade. Do mesmo modo que, segundo ele, o cidadão jamais pode ser humilhado por passar dificuldade, uma vez que tem direitos.
Mais emprego para a população
A estratégia de restabelecer a consciência do próprio valor ao cidadão sempre esteve presente nos projetos da secretária de Promoção Social, Maruca, que em 2003, com objetivo de atender aqueles que estavam sem emprego e ajudar a combater a crise financeira global da época, criou algo inédito no município.
O Programa de Apoio ao Desempregado (PAD), que encaminhava trabalhadores a diversas frentes de trabalho: limpeza de ruas, pintura de guias, manutenção de calçadas e revitalização de praças. Os trabalhadores também faziam parte das equipes que recuperavam equipamentos públicos danificados, a maioria por ação de vândalos e ladrões. Só no primeiro ano de implantação do PAD, a Prefeitura investiu cerca de R$ 800 mil, beneficiando 300 famílias diretamente.
Qualificação contínua para o mercado de trabalho
Dando continuidade às ações voltadas à capacitação profissional, a gestão de Mourão deu mais um passo inédito no Brasil, criando a Escola do Trabalho, voltada para serviços domésticos. A Escola conta com um ambiente real, com casa mobiliada, para que homens e mulheres aprendam a realizar diversas tarefas dentro de uma residência, pousada ou hotel. Muitas vezes as pessoas são consideradas inapropriadas para um serviço por não saberem executar funções simples, como mexer em um forno micro-ondas, usar uma batedeira, ligar uma máquina de lavar ou deixar as revistas e livros em um lugar apropriado.
A programação do curso conta com um módulo de competências básicas, tendo enfoque na ética, comportamento profissional, relações humanas e de trabalho no exercício da cidadania. Durante o curso, os alunos aprendem ainda sobre apresentação pessoal, comunicação, planejamento e organização. O objetivo também é promover novas alternativas para a escolha da ocupação principal, ou seja, um profissional com atuação generalista ou mais especializada, como um cozinheiro ou um copeiro.